Temos acompanhado uma aceleração, ainda que não contínua, no consumo de alimentos orgânicos. Na pandemia isso foi mais intenso, muita gente assustada e enxergando no orgânico uma forma de se proteger, tanto é que o mercado cresceu 31% neste período Todavia, a pesquisa que entregamos em junho deste ano, revelou um crescimento de 16% no número de consumidores. São vários os motivos, muita gente voltou a trabalhar presencialmente, deixou de cozinhar em casa, foi onde também o orgânico cresceu bastante. Também percebemos que diminuiu um pouco o número de produtores, mas cresceu a produção orgânica. Novos players entrando no mercado.
Isso é positivo porque sinaliza que temos capacidade e resiliência e, assim, aumenta o interesse de investimento no Brasil. A cadeia produtiva está se reestruturando, com novos players, e muitos produtos de marcas pequenas, médias e grandes, semi-industrializados e industrializados. Quando eu falo de produto, não separo o conteúdo de embalagem e nem de marca. Do ponto de vista do consumidor é uma experiência única.
O produto orgânico ainda é considerado caro para aquela pessoa que não vê valor. Tem condição de pagar pelo orgânico, mas para ela não justifica. Isso tem melhorado bastante, especialmente após a pandemia. E também pode ser considerado um produto caro para aquele consumidor que não tem condição de fazer escolha. Então, é essa democratização que falta para que mais consumidores tenham acesso ao orgânico.
Como é que a gente vai conseguir isso? Bom, aumentar a renda dessa população e aumentar a rentabilidade, produtividade do orgânico, ganhar escala para que diminua esta distância no consumo, diminua a diferença entre o produto orgânico e o produto convencional. O fato é que ele custa mais caro, sim! Segundo a nossa pesquisa, o consumidor de orgânico, acha que justifica o seu preço maior. Quando o preço extrapola, aí já não justifica mais. Mas temos conseguido democratizar um pouco o orgânico. Comparado com o alimento convencional, o orgânico inflacionou menos. Agora, o que ainda falta melhorar muito é a distribuição. A cada biênio, que é realizada a nossa pesquisa, tem mostrado que está menos difícil de encontrar o orgânico.
Mas aos poucos esse movimento no mercado, não só da Organis, mas também de feiras voltadas para a cadeia de alimentos e bebidas, têm ajudado a impulsionar o consumo. Nesse sentido, a parceria com a Anuga Brazil, especialmente na edição deste ano, mostrou um resultado muito melhor do que a primeira edição em que participamos. Isso confirma que existe uma demanda, uma procura cada vez maior por orgânico. E na Anuga você tem uma multiplicidade, uma diversidade de público que é muito interessante. Estudantes, engenheiros de alimentos, de pequenos até grandes lojistas, agentes públicos que fazem políticas públicas e distribuidores. Por isso, acredito que um evento como esse só tende a melhorar aquilo que é o nosso objetivo que é levar informação.
Cobi Cruz, Diretor Executivo da Organis – Associação de Promoção dos Orgânicos