Conceito surgiu décadas atrás e designa o hábito de permanecer em casa e realizar tarefas que, usualmente, você faria fora
Formalmente, cocooning – ou encasulamento – significa envolver-se ou cercar-se de uma camada protetora e reconfortante. O termo ganhou projeção nas últimas décadas quando passou a designar, metaforicamente, o ato de permanecer em casa, seja para comer, trabalhar ou se divertir. Em suma, em vez de ir ao cinema, por que não abrir o Netflix?
O hábito recebeu novo empurrão recentemente – e não só por causa da popularização do streaming. O crescimento do delivery de comida e a alta nas vendas e variedade de pratos prontos e semiprontos também impulsionaram essa tendência. Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), o mercado de delivery movimentou R$ 11 bilhões em 2018 no Brasil, aumento de 10% em relação a 2017. As refeições fora de casa, por outro lado, cresceram 3,5% no período, três vezes menos.
De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), 12% dos restaurantes e lanchonetes atendidos pela instituição não possuem sequer loja física, trabalhando exclusivamente por meio de entregas. Há alguns anos, um número como esse seria impensável.
“O grande impulso no setor pode ser explicado pelas novas plataformas de delivery e pela capilaridade de operações, que facilitam a logística de acesso ao consumidor”, aponta em nota a Abrasel, referindo-se a, entre outros, iFood, Uber Eats e Rappi. “Intimamente ligado à tecnologia, o setor de delivery precisa estar sempre atento ao que surge de novidade para otimizar processos e melhorar a experiência de quem pede comida em casa ou no trabalho”.
Outra tendência, o crescimento das vendas refeições prontas e semiprontas, pode ser atribuída à reinvenção pela qual o segmento vem passando. A praticidade, claro, segue como um atributo de venda, mas a preocupação com a sofisticação e a qualidade nutricional ganhou força.
Recentemente, por exemplo, a Sadia lançou uma linha de congelados com a assinatura do chef inglês Jamie Oliver, célebre por promover uma alimentação que mescle saúde e sabor. Já redes de supermercado como Natural da Terra e Pão de Açúcar têm investido em refeições práticas e leves, e separadas embalagens individuais, como saladas e peixes.
Segundo a Euromonitor International, provedor de pesquisa de mercado, a arrecadação com a comercialização de pratos prontos e semiprontos no Brasil atingiu R$ 5 bilhões em 2018, considerando as vendas do varejo para o consumidor final, e deverá crescer 38% até 2023. Já a receita de restaurantes, bares, cafés e quiosques – ou seja, refeições fora do lar – deverá crescer 13,5%.
Há ainda startups, tais como LivUp e Beleaf, que têm como foco a entrega em domicílio de congelados saudáveis, que podem ser consumidos após poucos minutos no microondas. Elas possuem planos de assinatura para quem não tem tempo – ou a habilidade – para preparar o próprio jantar.
“As categorias de alimentos escolhidas pelos consumidores está mudando. As alterações na forma como eles compram alimentos embalados, porém, são ainda mais amplas”, diz María Mascaraque, da Euromonitor International. “A assinatura de planos de refeição, com foco em alimentos saudáveis, está em ascensão, estimulando a inovação e a diferenciação nesse mercado”.